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Distúrbios na audição podem comprometer o aprendizado

 

Testes específicos detectam doenças e problemas
que atrapalham desenvolvimento normal da criança

 

Volta Redonda

 

As dificuldades que as crianças enfrentam na aprendizagem da leitura e da escrita nem sempre estão relacionadas com a questão pedagógica ou cognitiva. A audição, ou problemas neste sentido humano, pode ser um dos fatores que atrapalham a criança em idade escolar a acompanhar o ritmo dos colegas de classe. Um dos problemas comuns é o Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC), que é uma falha no desenvolvimento das habilidades perceptivas auditivas, mesmo com audição normal.
Em geral, o distúrbio encontra-se associado à dificuldade de aprendizagem, por isto é notado com mais freqüência nas crianças, mas pode afetar qualquer pessoa. De acordo com a fonoaudióloga Patrícia Mello, a doença é detectada através de uma avaliação do processamento auditivo central. Esta parte decodifica as ondas sonoras - a capacidade de analisar, associar e interpretar as informações sonoras que chegam pela audição. “Para que possamos diagnosticar o problema, é necessário que se faça, em primeiro lugar, uma avaliação audiométrica convencional, e depois testes especiais do processamento auditivo central”, informou Patrícia.
O DPAC atinge principalmente crianças, que podem apresentar sintomas em diferentes formas. Algumas das mais comuns são a dificuldade de manter atenção aos sons, problemas de memória para nomes, datas e números, solicitar a repetição de informações e necessidade de ser chamado várias vezes antes de atender. Segundo especialistas, a causa da doença pode estar relacionada, entre outros aspectos, à genética, já que um grande número de casos é hereditário, com pais e filhos apresentando características semelhantes.
Otites freqüentes durante os primeiros três anos de vida, com processos alérgicos respiratórios - sinusites, rinites e refluxo gastrofaríngeo - também podem desencadear o problema, assim como a permanência em UTI-Neonatal por mais de 48 horas e experiências auditivas insuficientes durante a primeira infância.

O tratamento para a doença


A fonoaudióloga Patrícia Mello afirma que a doença tem tratamento, que pode ser iniciado logo após uma avaliação do paciente. “Com base no laudo, são feitos testes fonoaudiológicos ou psicopedagógicos. Dependendo do caso, fazemos um treino auditivo para diminuir essa defasagem. Nesse caso, o recomendável é um treinamento com no mínimo 10 sessões para tratar de habilidades específicas”, afirmou ela.
O fato de o tratamento só ter sido iniciado no município no ano passado - antes os pacientes eram tratados em Taubaté (SP) - impede que se tenha uma estatística dos casos na cidade. Patrícia sustenta que a maioria dos pacientes esteja nas escolas. “Se fizerem uma triagem nas escolas, será possível identificar um bom número de casos”, alerta a fonoaudióloga.

Sintomas apresentados por quem sofre de DPAC

  • Dificuldade em manter atenção aos sons;
  • Dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita;
  • Dificuldade em compreender o que lê;
  • Necessidade de ser chamado várias vezes (parece não ouvir);
  • Solicita com freqüência a repetição de informações (Ah? O que?);
  • Dificuldade em entender expressões com duplo sentido ou piadas e idéias abstratas;
  • Dificuldade ao transmitir recados ou contar uma história;
  • Problemas de memória para nomes, datas, números, etc;
  • Dificuldade em localizar a origem dos sons;
  • Problemas de fala (troca L, R, S, E, CH).

 

Principais causas do DPAC

 

  • Genética. Um grande número de casos é hereditário, com pais e filhos apresentando características semelhantes;
  • Otites freqüentes durante os três primeiros anos de vida (alergia respiratória, sinusites, rinites e refluxo gastrofaríngeo também estão freqüentemente associados);
  • Permanência em UTI-Neonatal por mais de 48 horas;
  • Experiências auditivas insuficientes durante a primeira infância.

Mães comentam suas experiências

Os primeiros sinais de Distúrbio de Processamento Auditivo Central (DPAC) no pequeno Iago, de 8 anos, foram percebidos na escola. Com dificuldades de se concentrar nas aulas, onde apresentava sinais de desatenção, o problema só foi detectado quando sua mãe, Kátia Cristina Duarte Braga, procurou um especialista. “Ele estava muito desatento, desligado, e não prestava atenção na aula. Minha primeira providência foi procurar um otorrinolaringologista, que suspeitou do problema. Mas o distúrbio só foi constatado mesmo após a consulta com uma fonoaudióloga. Ele passou por um tratamento durante quatro meses e agora está bem”, disse Kátia. Os mesmos sinais de desatenção também foram detectados em Ana Paula, de 7 anos.

Segundo sua mãe, Ana Cristina Garcia Abreu, o problema quase fez a menina ser reprovada na escola. “Ela apresentava sinais de muita desatenção na sala de aula. Procurei uma fonoaudióloga e minha filha ficou seis meses em tratamento. Se não fosse isso ela perderia o ano letivo, mas ainda bem que houve tempo de recuperar”, afirmou.

 

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